Desfiles das campeãs do Carnaval Carioca terminou com gosto de “QUERO MAIS”

Mocidade, Mangueira, Portela, Salgueiro, Paraíso do Tuiuti e Beija-Flor, levam para Sapucaí cores, sons, tons, vozes e toda mistura do Povo Brasileiro

 

Tuiuti
Foto: Edna Rocha

 

Na noite de 17 de fevereiro, na passarela do Samba, no Rio de Janeiro, foi celebrada a miscigenação presente no Brasil. Uma mistura de cultural, que a Pátria Amada, chamada Brasil, acolheu. Judeus no enredo da Portela, no “Namastê” Hindu da Mocidade, na Mãe África no Salgueiro, a Mangueira com a alegria dos Cariocas, na escravidão da Tuiuti. E fechou esse tour transcultural da realidade, nas asas da Beija-flor de Nilópolis, a grande vencedora do Carnaval 2018, no Rio de Janeiro. O som dos tambores, reco-recos, cuícas e surdos, tomaram a Avenida, sem se esquecer o CLAMOR DAS MASSAS. Os protestos, de forma cômica e trágica, mais uma vez passearem pela Marquês, neste sábado. O Vampiro Presidente, destaque do último carro da Tuiuti, curiosamente, voltou despido de sua faixa presidencial.

 

Mocidade
Foto: Nilber Ferreria

 

A Mocidade começou a noite espalhando incenso e veio com monges Tibetanos e sacerdotes da Índia, na comissão de frente. Ao Final do desfile, os integrantes simularam o “Holi” com seus pós coloridos, onde celebram a chegada da Primavera. Os componentes da bateria, em determinado momento da apresentação, sentaram na pista e por alguns instantes realizaram uma prece, pedindo dias melhores para o Brasil.

 

“Você pode empobrecer tudo, mas você não pode empobrecer a cultura.”, Lecy Brandão

 

Mangueira
Foto: Edna Rocha

 

Criticando a diminuição de recursos para o carnaval 2018, a Mangueira retornou em quinto com o enredo: “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”. A escola contou a história foliões cariocas que brincam o carnaval seja no bloco ou assistindo o espetáculo, o que importa é cair na folia. As cantoras Bety Carvalho, Alcione e Lecy Brandão abrilhantaram o desfile da Verde e Rosa. Lecy falou sobre a emoção de desfilar na sua escola de coração e disse que aproveitou a chance na sua agenda. “Cheguei na Verde e Rosa em meados dos anos 70, em 75 passei a integrar a ala dos compositores. Sou Mangueirense “roxa””, conclui.

 

Portela
Foto: Nilber Ferreria

 

A Portela de Noca e Monarco, voltou para narrar as viagens dos povos Judeus, na região Nordeste, antes de seguir para os EUA, e fundar a cidade de Nova York.  A escola levou para a pista uma réplica da Estátua da Liberdade. Destaque para o terceiro alegórico “Formosa Recife”, que mostrou a multicultura entre Judeus e Holandeses. A efeito do canavial dourado em uma das alas, foi outro ponto alto da passagem escola de Madureira.

 

Salgueiro
Foto: Edna Rocha

 

A Acadêmicos do Salgueiro, com seu desfile luxuoso, representou as mulheres negras com o enredo: “Senhoras do ventre do mundo”. A comissão de frente, levantou o público, ao encenar a fertilidade segundo os cultos de religiões de matrizes africanas. Contou a influência e a participação destas mulheres na literatura, cultura e culinária.

 

Tuiuti
Foto: Edna Rocha

 

A surpresa do carnaval 2018, a Paraíso do Tuiuti, ousou em dissecar a “Lei áurea”, que libertou os escravos, sem inserir está comunidade no tecido social da cidade ou organizar sua infraestrutura. Foram mostrados protestos, lei trabalhista que vigora atualmente, a gritante desigualdade presente em nosso país, entre outras coincidências, na Avenida. O público cantou, em um único coro, contra escravidão nossa de cada dia. Revelando uma população mais antenada, com os acontecimentos políticos, a todo momento bradou palavras contra figuras conhecidas do Poder público. 

 

Beija-Flor
Foto: Edna Rocha

 

No Palco do Samba, a arte seguiu imitando a vida. A Azul e Branco, de Nilópolis, sob a liderança do incansável Laíla, mostrou a cara do Brasil e da Cidade Maravilhosa. Na passarela, foi exibido em forma teatral, os povos nas favelas e nos Palácios, no morro e no asfalto, com sangue de inocentes, choro e suor daqueles que já estão cansados, cenas do dia a dia de um que povo sonha com o fim de tudo isso.

 

Beija-Flor
Foto: Edna Rocha

 

O refrão: “Oh, pátria amada, por onde andarás? Seus filhos já não aguentam mais! Você que não soube cuidar, você que negou o amor. Vem aprender na Beija-Flor”, era lembrado como um mantra e repetido pelos integrantes da escola e por toda arquibancada.

 

Tuiuti
Foto: Edna Rocha

 

Neste carnaval, no Rio de Janeiro, foi pregado o respeito e todo tipo de diversidade, a intolerância religiosa, esportiva ou de qualquer natureza, foram dados gritos pela liberdade dos escravizados, além de críticas à reforma trabalhista, violência, corrupção, descaso do poder público, desigualdade social, entre outros. Pablo Vittar e Jojo, ícones Pops, levaram a plateia ao delírio. Ao final do desfile, mais uma vez, o povo invadiu a pista. – Tudo junto e misturado, nessa salada de manifestações, chamada Brasil –. Essa “brava gente brasileira”, sobreviveu ao turbilhão de problemas, sambou e deu recado em todas plataformas digitais.

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