Nostalgia invade o Rock Brasil 40 Anos, no Memorial da América Latina

Por Décio Martins
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No último domingo, dia 10 de abril, estive fotografando os shows e principalmente as pessoas que estavam no Rock Brasil 40 Anos, um projeto que foi desenhado para bandas, músicos e público “fora de moda”, ou quase isso, criado para celebrar os 40 anos do rock nacional. Vi muito daquele brilho nos olhos de quem já viveu bastante, mas ainda não está satisfeito. Isso é Rock and Roll. Essa máquina do tempo foi operada pelo Ultraje a Rigor, Titãs, Camisa de Vênus e Ira! Direto do Memorial da América Latina, em São Paulo.

 

Otávio Mesquita

Não tem como falar disso tudo sem romantizar um tanto, ou cair em alguns clichês, não dá, vamos em frente! Eu olhava todo esse povo que estava matando saudades de uma época, onde conheceram seus primeiros e melhores amigos, primeiros romances, primeiros shows, primeiros “tudo”. Tinha gente mais velha e mais jovem também, em menor quantidade. Tinham solteiros e solteiras de todas as idades, casais apaixonados ou muito bem ensaiados para o show. Tinham pais, filhos, netos, tinha todo tipo de gente que um dia curtiu e ainda curte esse nosso rock brasileiro brabo, de responsa (ok, sou paulista, e daí?), além de Otávio Mesquita. Outra coisa interessante que me passou pela cabeça, foi pensar em quantas daquelas pessoas já estiveram no mesmo lugar, cantando e dançando essas músicas ou cruzaram olhares por alguns segundos há 40 anos. Legal, não é? Eu achei!

Ultraje a Rigor

O primeiro show foi com o Ultraje. Eles entraram no palco como se estivem em casa, e estavam. Com a tranquilidade e conforto de quem sabe o que está fazendo, ou simplesmente ligaram o @%$#-se, como dizemos por aqui, e engataram um show com seus clássicos, como todo mundo esperava. Esse é o tipo de show que a gente assiste e finge que, de lá pra cá, só rolaram coisas boas, só demos risadas e beijos. Quanto vale um show desses? E olha que era só o primeiro. O Ultraje não tem o apelo da saudade doida que as outras bandas que estavam lá têm. Eles estão toda semana na TV com o Danilo Gentili, mas mesmo assim o público queria mesmo era curtir o som que consagrou o grupo. Da formação original só restou o Roger, mas isso não diminuiu em nada a pegada do show, todos fazendo seu papel e tocando como se o dia seguinte não fosse segunda-feira. Hoje em dia o Ultraje a Rigor é o Roger Moreira, cantando e tocando guitarra, o Bacalhau na bateria, o Mingau no baixo e Marcos Kleine com a outra guitarra.

Titãs

Os Titãs subiram ao palco na hora marcada. Tímido, Beto Lee ajusta a sua guitarra, Tony de guitarra em punho segue quase que de imediato até a ponta do palco pra ver o povo enlouquecido, enquanto o Sergio Britto, que já conversava com o público e anunciava de cara uma surpresa para dali a algumas músicas. Ele falava sobre a volta do Branco Mello aos palcos, que passou por uma cirurgia e voltou neste show, após 32 dias internado. Voltando… o que falar dos Titãs? Cada música é uma paulada na cabeça de quem pulou e gritou com eles desde os anos 80. Eles são os Titãs, não importa quem se foi, ou quem ficou. Numa das minhas reflexões exageradas desse dia tão bacana, lembrei daquela música antigona (mais ainda que as dos shows) Love Will Keep Us Together, do Captain & Tennille, porque só o amor de bons amigos justifica o carinho e a energia sensacional que rola entre esses caras, juntos sobre o palco. Os Titãs hoje são Branco Mello no baixo e vocais, Sergio Britto no teclado, baixo e voz e o Tony Bellotto é guitarrista. Eles tem o apoio nervoso do Beto Lee (da Rita) com a outra guitarra e o Mário Fabre na bateria.

Camisa de Vênus

Camisa de Vênus ou simplesmente Camisa, chegaram implacáveis para o terceiro show já dando o recado: tinha um morcego na porta principal, o cajado do pastor que purifica os fieis ou sobre o que eles fizeram de pior, acabaram com o Simca Chambord, entre outras pérolas inesquecíveis com suas letras totalmente inapropriadas para quem se guia pelo politicamente correto nos dias de hoje. Daí pra frente, Marcelo e sua voz inconfundível, tremida, apocalíptica, vai soltando um hino atrás do outro, e o público segue fiel. Quando as desventuras de Joana d’Arc são cantadas, sabemo que isso é só fim. Apoteótico! Camisa de Vênus é o Marcelo Nova, cantando e tocando guitarra, o Robério Santana no contrabaixo, o Drake Nova com uma guitarra nervosa, o Leandro Dalle com outra guitarras e o Celio Glouster na bateria.

Ira

Contrariando a média de idade da maioria dos presentes, a energia não baixou nem por um instante quando chegou a hora do último show da noite, nas mãos do Ira!, que já chegaram com seu som nervoso e contundente se fundindo a um contrapeso feito de sorrisos e expressões tranquilas dos músicos, conquistadas depois de muita porrada. Essa é a cara do Ira! Representada pelos seus membros fundadores – Nasi e Edgard – que se revezavam na frente do palco, compartilhando cada acorde com o público fiel já entrando em clima de despedida de um dia sensacional, com muita diversão e memórias impagáveis. Os irados são: Nasi nos vocais, Edgard Scandurra e sua guitarra azul, Johnny Boy nos teclados e Evaristo Pádua na bateria.

 

Não posso deixar de falar e enaltecer os momentos antes da entrada das bandas e entre elas também. Estou falando da DJ Nicole Nandes, menina simpática, agitada e sorridente que mandou muito nas suas pickups. Tocou uma sonzeira braba de “época” pra manter a temperatura do rock and roll bem alta, é preliminares que chama? Se alguém me perguntar se ela foi bem eu digo que não. Ela foi maravilhosa!

 

 

Confira as Fotos (Créditos: Décio Martins)
@ultrajearigorofficial
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@oficialira
@nicolenandes

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