História e geologia se encontram em estudo sobre a cidade de Cuiabá
A geodiversidade de Cuiabá, cidade que se desenvolveu através da exploração de ouro, é tema do estudo “Three hundred years of geodiversity in the Historic Center of the Gold City, Cuiabá, Brazil” . O trabalho dos pesquisadores Ana Cláudia Dantas da Costa, Carlos Humberto da Silva, Renato Blat Migliorini (UFMT – Universidade Federal do Mato Grosso) e Marcos Antonio Leite do Nascimento (UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte) integra a edição especial sobre geoconservação do Journal of the Geological Survey of Brazil (JGSB), periódico científico do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM).
“O objetivo do estudo é mostrar história e geologia numa cidade com 300 anos de existência, Cuiabá. Em seu centro histórico, ambas coexistem em harmonia: as pedras e prédios antigos e a arquitetura moderna”, afirma a pesquisadora Ana Costa. O trabalho descreve elementos da geodiversidade na região central do município, que cresceu a partir da construção ordenada de edifícios localizados em locais de destaque, como topos de morros, que são compostos por metarenitos do Grupo Cuiabá.
O ouro era abundante na capital do Mato Grosso e foi o ponto de partida para o desenvolvimento da cidade. Os bandeirantes, em sua maioria procedentes de São Paulo durante o período colonial, fizeram suas expedições ao interior do Brasil primeiramente para capturar e escravizar indígenas e, nesse processo, descobriram importantes depósitos aluviais associados aos rios da região. Hoje, esse metal precioso ainda está presente e em prospecção na Baixada Cuiabana e se encontra preservado no adobe das paredes da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, por exemplo.
“Esse conhecimento permite dar aos membros da comunidade e aos turistas um olhar de cuidado com elementos da geodiversidade”, diz a pesquisadora Ana Costa, segundo ela a geoconservação é de suma importância na geração de medidas protetivas da geodiversidade local.
O estudo conclui que a geodiversidade de Cuiabá está presente em prédios históricos, um bem cultural que pode se tornar um roteiro geoturístico para o público interessado. A pedra canga, encontrada nas igrejas e parques, representa a utilização da geodiversidade ex situ (fora do local de origem). A falha do Morro da Luz pode ser classificada como um geossítio singular e representa a geodiversidade in situ (no local de origem). Segundo os geólogos, a próxima etapa é realizar um inventário, catalogando elementos da geodiversidade para permitir a proposição ou identificação de geossítios que também poderiam fazer parte de um roteiro geoturístico.
Ministério de Minas e Energia