Piero Sbragia lança livro sobre as novas fronteiras do documentário contemporâneo
Maria Augusta Ramos, Susana Lira, Orlando Senna e Eduardo Escorel são alguns dos entrevistados
“Um país que carece de documentário é como uma família que carece de um álbum de fotografias”. Assim Piero Sbragia, jornalista, documentarista, professor e fundador da produtora Segundas Estórias Filmes, começa o livro “Novas Fronteiras do Documentário: Entre a Factualidade e a Ficcionalidade“, lançado durante a pandemia de covid-19, que está à venda no link. A frase, logo no princípio da obra, é atribuída ao renomado documentarista chileno Patricio Guzmán. É a essa tarefa de resgatar a memória que o lançamento se dedica.
“Gosto de pensar o documentário como manifesto de resistência”, afirma Sbragia em suas páginas.
Especializado em Cinema Documentário e mestre em Educação, Arte e História da Cultura, o autor concebeu a ideia diante da escassez de livros sobre documentário. Mais raros ainda são os registros com depoimentos de cineastas da área. O novo trabalho discute a tendência contemporânea de romper a divisão rígida entre factual e ficcional. O livro traça um panorama da produção, ao longo do século XXI, através de uma análise sobre a forma como os gêneros cinematográficos apresentam uma convergência. Também reúne entrevistas inéditas e exclusivas, realizadas entre janeiro e março de 2020, com 10 documentaristas brasileiros de relevância mundial da Bahia, São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Para o livro, o artista Gidalti Jr., vencedor do Prêmio Jabuti de melhor HQ em 2017 por “Castanha do Pará”, produziu caricaturas exclusivas para cada um dos entrevistados. São eles: Amanda Kamanchek (“Chega de Fiu Fiu”), Cristiano Burlan (“Elegia de Um Crime”, “Mataram Meu Irmão”), Eduardo Escorel (“Imagens do Estado Novo 1937-45”, “O Tempo e o Lugar”), Eliza Capai (“Espero Tua (Re)volta”, “O Jabuti e a Anta”), Geraldo Sarno (“Sertânia”, “Viramundo”), Juca Badaró (“As Cores da Serpente”), Maria Augusta Ramos (“Não Toque em Meu Companheiro”, “O Processo”), Orlando Senna (“Longe do Paraíso”, “Iracema – Uma Transa Amazônica”), Paula Trabulsi (“O Incerto Lugar do Desejo”, “Imagem da Tolerância”) e Susanna Lira (“Torre das Donzelas”, “Clara Estrela”).
A diretora de “O Processo” e da Trilogia da Justiça, Maria Augusta Ramos, cita referências ficcionais de Robert Bresson, Yasujiro Ozu e Michelangelo Antonioni em sua filmografia documental. Já Orlando Senna relata os perigos de se tentar documentar o real, citando o caso de tortura de um documentarista durante a Ditadura Militar no Brasil e a censura de seu filme “Iracema – Uma Transa Amazônica”. Montador de filmes emblemáticos como “Terra em Transe” e “Cabra Marcado Para Morrer”, Eduardo Escorel alerta para os riscos de se negar a realidade. Susanna Lira manifesta a sua intenção de fazer filmes como forma de resistir e defende uma linguagem mais ousada nos documentários.
Esses e outros relatos estão no último capítulo do livro. A publicação, de 484 páginas, é dividida em três partes. As duas primeiras são baseadas na dissertação de mestrado “Andarilho: Cao Guimarães e o documentário entre a factualidade e a ficcionalidade”. A pesquisa discute diferentes definições do gênero, a partir da perspectiva de Guimarães. Sbragia também assina a direção dos curtas-metragens “Descobrir: Os Criadores de Saci” (2014), “Em Refúgio, um documentário sobre possibilidades” (2018), feito em parceria com a ONU, e “Uma Bala” (2018), sobre o assassinato de Marielle Franco. Criou com Eduardo Escorel e Juca Badaró o canal do Youtube “3 em Cena“, onde debatem questões pertinentes ao cinema e à sociedade.
Ficha Técnica:
Título: “Novas Fronteiras do Documentário: Entre a Factualidade e a Ficcionalidade”
Autor: Piero Sbragia
ISBN: 978-989-52-7498-7
Páginas: 484
Preço: R$46 disponível em: https://linktr.ee/
Fotografia da capa: Armando Vernaglia Junior
Ilustrações: Gidalti Jr., vencedor do Prêmio Jabuti de melhor HQ em 2017
Coleção: Mais que Mil Palavras
Ano de lançamento: 2020
Editora: Chiado Books
Sinopse:
Sem a pretensão de ser um manual cinematográfico, Novas Fronteiras do Documentário: Entrea Factualidade e a Ficionalidade é uma ferramenta para fugir dos dogmas que limitam o processo criativo. Como dizia o poeta Manoel de Barros, precisamos transver o mundo para transfigurar a realidade.
Piero Sbragia discute o documentário contemporâneo como obra que rompe a divisão rígida entre factual e ficcional. Apresenta também um panorama sobre o documentário produzido no século XXI, e amplia a obra com 10 entrevistas inéditas e exclusivas de documentaristas brasileiros revolucionários e provocadores da produção subjetiva.Temos aqui um encontro que desconserta para ressignificar.
Créditos Primeiro Plano