Índios Tupinambás, Cultura Africana, Retratos da Cidade e “Jesus” Repaginado marcam o primeiro dia de desfiles do Grupo Especial no Rio

Foto Edna Rocha

Neste domingo, 23 de fevereiro, foi dada a largada para a disputa do Título de Campeã do Carnaval Carioca 2020, na Marques de Sapucaí, e a noite veio com uma temática diversa. A primeira noite de desfile do Grupo Especial contou com a passagem de diversos famosos pelos camarotes e brilhando na Passarela do Samba. Passaram pelo Sambódromo parte do elenco de “Salve Quem Puder”, no Camarote Folia Tropical, e diversos nomes da TV brasileira qe marcaram presença na Festa “Pagã”. 

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O desfile voltou ao passado das “pedras elementares”, com o retorno da Estácio de Sá, à elite do Carnaval do Rio de Janeiro. Seguiu na Avenida trazendo fé, religião, trabalho e força da mulher. Fechou visitando as primeiras tribos indígenas em solo Carioca.
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Com o desejo de não deixar “Pedra Sobre Pedra” na Sapucaí, para comemorar os cinquenta anos de Avenida da carnavalesca Rosa Magalhães, a agremiação do Morro do São Carlos, divagou nas pedras preciosas de Carajás, riqueza e ruína de muitos, até a pedra lunar coletada por astronautas. Em busca das “preciosas” notas máximas do júri a Vermelho e branco de Niterói, veio para Sapucaí com o enredo “Viradouro de alma lavada“. Contaram as histórias de luta das mulheres negras, lavando roupas, pescando ou confeccionando joias, calçados e outros ganhavam a vida e sua alforria. Nascia as primeiras feministas brasileiras em tempos de Brasil colônia e Império.
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A atual campeã do Desfile da Sapucaí, Estação primeira de Mangueira, “libertou” as faces possíveis do Rei dos Reis. Comissão de frente apresentou a “Santa Ceia” interrompida por batida policial e finalizada formando o morro da Mangueira. A Verde e Rosa viajou do nascimento, atos de vida, martírio e ressureição de Cristo. Destaque para o último carro trazendo Jesus Crucificado como um jovem de comunidade. A performance da escola ainda vai dar o que falar, uma vez que a ótica de seu enredo, apresenta Jesus na figura trans, índio, negro e acende o debate da religião e liberdade de expressão, ventilado e muito nos dias atuais.
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Foto Edna Rocha

A Paraíso do Tuiuti, quarta escola na passarela do Samba, promoveu o mágico encontro entre o padroeiro do Rio, São Sebastião e Sebastião, desejado Rei de Portugal, que foi encenado pela comissão de frente da agremiação. O mistério do desaparecimento do Rei no campo de batalha e a coincidência  com a data da execução de Sebastião fazem as ligações do enredo contado pela azul e amarelo do bairro de São Cristóvão. 

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Paola Oliveira Foto Edna Rocha

A tricolor de Duque de Caxias, contou a história do religioso do Candomblé, o baba orixá Joãozinho da Goméia. Além do ofício da religião, era bailarino com participações no teatro de Revista, alguns filmes e concursos de fantasias, no Teatro João Caetano. A passagem da escola da baixada Fluminense, traz de volta a atriz Paola Oliveira, ao posto de Rainha da Bateria, dez anos depois. A bandeira contra a intolerância religiosa foi hasteada pela Grande Rio no refrão “Eu respeito o seu amém, você respeita o meu Axé”, batendo o assunto novamente.

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A União da Ilha, trouxe a encruzilhada da escolha entre o bem e o mal, na nossa sociedade. A desigualdade recorrente e a vida dura do povo das comunidades e morros, a vontade de vencer e caminho da educação para um país mais igual com oportunidades para todas as classes, sem qualquer distinção. Uma falha técnica no carro alegórico abriu um espaço entre as alas superior ao praticável em desfiles, prejudicou a evolução da Ilha e estourou o tempo em um minuto.
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Foto Nilber Ferreira

A última a entrar na avenida, foi a Portela. No raiar desta segunda-feira, a Azul e Branco de Madureira, tradicional berço do samba, retratou a beleza da cultura indígena da etnia tupinambá. O casal  Renato e Márcia Lage, em sua ideia, apresentam a vasta bio diversidade e a calmaria dos povos até a chegada da atualidade, no momento em que se perde espaço cada vez mais para o asfalto, arranha-céus e caos urbano, achatando os nativos de nossa terra. A “evolução” travestida de tragédia, dizimando os índios brasileiros.  A Apoteose nativa, acabou com a tradicional invasão do público à Marquês de Sapucaí, celebrando o nosso povo, bonito e miscigenado, sem igual no planeta.

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Na noite desta segunda(24), desfilam seis escolas pelo grupo especial: São Clemente, Vila Isabel, Salgueiro, Unidos da Tijuca, Mocidade e fechando , Beija-Flor.
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Fotos Edna Rocha

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