Quando o príncipe vira sapo
Nesta quinta (20), faz uma semana que o Big Brother Brasil acabou, porém a repercussão do casal Emilly e Marcos, o “Conto de fadas” que o público gostaria de ver, ainda não foi esquecida, devido os abusos e excessos por parte do médico em relação à sister. Vamos partir do princípio do programa. O que chamava a atenção era a personalidade egoísta e até cruel da gêmea e a forma que lidou com sua mãe em estado de câncer terminal. Um comportamento desaprovado pelo público. Já o médico se mostrava sensato, amigo, apesar de seus defeitos como o egocentrismo e a soberba, ainda assim detinha grande aprovação do público e era um dos favoritos ao prêmio. Então, o que mudou?
Com base no texto de Maíra Medeiros, youtuber e uma das principais digital influencers que discute o empoderamento feminino, podemos ter uma visão mais ampla do assunto e da forma como a personalidade e a imagem que ambos os participantes passaram mudou drasticamente. A youtuber explica que a violência contra mulher ainda é vista como “mimimi” e como culpa da vítima. E muitas pessoas acreditam que homens iguais o “Marcos do BBB 17” e suas explosões acontecem porque “mulheres como Emilly”, são ciumentas demais. E ainda tinha gente na internet questionando: “Por que ela não larga dele, então?”. Ou chegaram a dizer que ela estava provocando para sair como vítima. Nos dias atuais, a mulher, ainda acaba se sentindo culpada nas brigas domésticas. Não importa, se a agressão foi verbal ou física, não deixa de ser agressão e é preciso enxergar as casas que, opostas ao BBB, são menos vigiadas: as casas dos nossos amigos e familiares.
No instante em que o homem te oprime, o respeito por ele acaba, a partir deste momento, esse “indivíduo” deixa de ser príncipe e se torna um sapo. Como nos contos de fadas as mulheres preferem os príncipes, jamais aceite tamanha violência. Muitas mulheres se sujeitam a opressões, por medo do que possa acontecer lá na frente, mas esquecem de perceber o que está acontecendo na atualidade. Briga de manhã, e dorme agarrada a noite! Como a própria Maíra disse, no lugar de um: “Obrigada, amor” ou um “Eu amo você”, se ver a esposa aos berros gritando “Para, você está me machucando”.
O BBB17 retratou a vida como ela realmente acontece em muitos lares e por não ter câmeras, ninguém fica sabendo. O personagem “Marcos”, colocando o dedo na face da protagonista “Emily” e a encurralando contra a parede, e ela ainda tinha a audácia de dizer que ele não iria bater nela, como assim? Se a partir do momento que o mesmo gritou com ela, isso já está machucando na alma. Esse é o problema de muitas mulheres que vão dar parte do marido na delegacia, elas desabafam com o agente e depois voltam para o lar. O homem pede uma desculpa esfarrapada e elas acreditam, logo, resolvem dar uma segunda chance. O cara faz novamente, claro, ele já percebeu sua fraqueza, pois a mesma vai perdoa-lo. São essas atitudes que levam as consequências piores.
A mulher precisa entender que ela é a única responsável por seu bem-estar. Se o relacionamento está mais para um filme policial do que uma história de amor, se pergunte se vale a pena insistir. Jamais tente romantizar algo que não exista e procure observar como a arte imita a vida. É trágico ver mulheres lindas se sujeitando aos carcereiros do amor, também chamados de maridos. E, ainda que muitos torçam o bico para o Big Brother Brasil, o programa mostrou um retrato de nossa sociedade, hipócrita.
Analisando o perfil dos personagens
Emilly iniciou o programa como uma linda, ingênua e doce, em seguida se revelou egoísta e sem empatia, uma menina que a edição passou a mostrar como ciumenta e mimada. Já Marcos, desde o início se mostrou um homem companheiro, mas surtou e brigou com todos dentro da casa. Não existe fator de “redenção”, quem agride uma vez, vicia. Mesmo com o arrependimento de Emilly, por ter sido mesquinha, ou Marcos caindo aos prantos se arrependendo a cada discussão e de ter sido duro com a garota, com certeza tudo iria acabar se repetindo.
O problema de muitas mulheres é acreditarem nestes tipos de homens. Momentos de felicidade não apagam a violência que a alma sentiu. Mesmo que o BBB 17 tenha acabado, agressões e desrespeito acontecem todos os dias nas casas de milhões de mulheres no mundo a fora, e devemos ficar atentos aos alertas que as pessoas emitem, mesmo quando há o medo de falar.