Ver TV analisa o espaço do samba na televisão no ano em que gênero completa 100 anos

Programa aproveita centenário do samba para refletir sobre sua visibilidade

Leci Brandao Foto: Divulgação
Leci Brandao
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Primeiro samba de sucesso a ser gravado, “Pelo telefone” completa cem anos enquanto a televisão brasileira chega aos 66. O programa Ver TV deste domingo (3), às 23h, na TV Brasil mostra que as atrações televisivas costumam estereotipar esse tipo de música.

No centenário do gênero, o apresentador Lalo Leal recebe especialistas para discutir o espaço que o samba tem hoje na tevê. Participam do debate a jornalista Thaís Matarazzo; o sambista Osvaldinho da Cuíca; e o radialista Moisés da Rocha. O programa ainda traz um depoimento emocionado da cantora Leci Brandão.

De acordo com a artista, a tradição do gênero fica escondida até na época dos desfiles das escolas de samba. A cantora e compositora Leci Brandão foi a primeira mulher a fazer parte da ala dos compositores da escola de samba Mangueira, no Rio de Janeiro. Ela é comentarista de desfiles das escolas de samba em transmissões de televisão. “Programas de samba na mídia acontecem de uma forma assim muito rápida quando chega a época do carnaval. Mesmo assim a forma como eles fazem o programa não é a melhor, porque tem que ser tudo muito rápido naquela dinâmica de apresentar celebridade”, crítica a sambista.

“As atrações não levam as pessoas que são legitimamente responsáveis pela festa: a velha guarda, as baianas, os integrantes da bateria, os compositores, os casais de mestre e sala e porta bandeira. Então essa tradição do samba fica escondida inclusive quando acontece os desfiles das escolas”, argumenta Leci Brandão.

Lalo Leal, Osvaldinho da Cuica, Thais Matarazzo e Moises da Rocha Foto: Divulgação
Lalo Leal, Osvaldinho da Cuica, Thais Matarazzo e Moises da Rocha
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Jornalista e escritora, Thaís Matarazzo concorda com a sambista. Autora do livro “A música popular brasileira no rádio paulista, 1928-1960”, ela afirma que as emissoras de televisão costumam divulgar o gênero com mais ênfase apenas no período da folia. “Aproveitam a efeméride e depois a coisa cai no esquecimento novamente, tudo tem que ser muito midiático”, critica.

Osvaldinho da Cuíca é sambista, ritmista, passista, cantor e compositor. Segundo o artista, o gênero não tem o devido reconhecimento. “O samba já veio desde o início com o compromisso de denúncia, de política, de racial, social, de toda natureza. O espaço é menor na televisão. Esse preconceito é porque não tem patrocínio para o samba, então a televisão fica limitada”, observa.

O radialista Moisés da Rocha, apresentador do programa “O samba pede passagem”, da Rádio USP, de São Paulo, utiliza uma linguagem bem coloquial para emitir sua opinião. “Tem que tirar o samba da UTI, desligar os aparelhos, recuperá-lo pra dar condições de sanidade, de saúde pra que ele realmente predomine e ocupe de fato o espaço que ele merece dentro da sociedade”, afirma.

Para ampliar as visões sobre o tema, o programa Ver TV também entrevistou outros personagens da cena do samba. O espaço do samba na TV – nos canais abertos e fechados – é uma preocupação da dupla de compositores Os Prettos, formada pelos irmãos Magnú Souza e Maurilio de Oliveira. Já a cantora e pesquisadora Bruna Prado levanta uma questão relacionada de gênero. O samba seria machista?

O Ver TV foi à praça Miguel Delerba, em frente ao terminal de ônibus da Lapa, em São Paulo, para ouvir as pessoas sobre a relação delas com o samba. E lá encontrou os atores e músicos da Companhia dos Invasores que apresenta o teatro de rua naquele local.

Serviço:

Ver TV – domingo (3), às 23h, na TV Brasil.

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